domingo, 17 de outubro de 2010

O desenvolvimento e importância social do Open Source

Atualmente, não podemos falar de software e deixar de abordar o fenômeno conhecido como Open Source. Também chamado de software livre, é o programa que pode ser utilizado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem restrição alguma. Para que isso seja possível, o software deve ser acompanhado por uma licença de software livre como a GPL ou a BSD. Ao mesmo tempo, deverá ter seu código fonte disponibilizado para que qualquer programador possa fazer alterações. Vale salientar que existe uma diferença entre software livre e software de domínio público. Enquanto o primeiro quando utilizado em combinação com licenças típicas como a GPL e BSD, tem os direitos autorais do programador/organização garantidos, o segundo corresponde a renuncia do autor do software à propriedade do programa e a todos os direitos associados. Conseqüentemente, neste último caso, o software se torna um bem comum. (CAMPOS, 2006).


O software livre teve seu início em 1983, com a indignação de Richard Stallman contra a proibição de se acessar o código fonte de qualquer software. Todos os esforços de programação eram reunidos em torno do nome GNU – GNU’s Not Unix. Nesta época, todos os sistemas operacionais existentes eram proprietários e o SO GNU criado por Stallman tinha o objetivo de mudar essa situação que impedia a liberdade de acesso ao código-fonte. Posteriormente, em 1985, provavelmente desenvolvido a partir do conhecimento acumulado de vários programadores, foi criada a Free Software Foundation, organização sem fins lucrativos para financiar campanhas do movimento do software livre. No início, o movimento de software livre reunia e distribuía programas e ferramentas livres com o código fonte aberto. Isso possibilitava que os programadores tivessem acesso não apenas aos softwares, mas também aos códigos em que foram criados. A intenção era criar um sistema operacional livre baseado na lógica do Unix, que assim como o Windows, era um sistema proprietário. (BIANCHI; SOUZA, 2008).


Para que um software seja considerado livre, precisa atender as quatro liberdades definidas pela Free Software Foundation. Abaixo estão essas quatro liberdades para os usuários do software (STALLMAN, Apud BIANCHI; SOUZA, 2008):

  • Liberdade nº 0: a liberdade de executar o programa como quiser, para qualquer propósito;
  • Liberdade nº 1: a liberdade de estudar o código-fonte do programa, ou seja, como ele funciona, e alterá-lo, adaptando-o para as suas necessidades. Como percebemos, o acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
  • Liberdade nº 2: a liberdade de redistribuir cópias exatas do programa de modo a poder ajudar ao outro;
  • Liberdade nº 3: a liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos de modo que toda a sociedade se beneficie. O acesso ao código-fonte também é um pré-requisito para esta liberdade.

Percebe-se que o usuário é livre para fazer modificações, neste caso aperfeiçoamentos, e redistribuir cópias de forma gratuita ou através da cobrança de taxas pela distribuição. Ou seja, a partir do momento que o indivíduo está de posse do programa ou sistema operacional Linux, independentemente de qual seja a distribuição, não precisará pedir ou pagar pela permissão. Vale salientar que é importante não confundir freeware com software livre. O programa freeware geralmente é um programa copiado e distribuído gratuitamente, mas normalmente não permite a visualização e acesso ao código-fonte. Sendo assim, não pode ser estudado e modificado. (STALLMAN, Apud BIANCHI; SOUZA, 2008).

A liberdade de utilizar um programa significa a liberdade para qualquer tipo de pessoa física ou jurídica utilizar o software em qualquer tipo de sistema computacional, para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário comunicar ao desenvolvedor ou a qualquer outra entidade em especial. (CAMPOS, 2006, p. 2).

Uma das grandes vantagens dos softwares livres em relação aos proprietários é a autonomia tecnológica. Assim, não somos obrigados a atualizar as versões de programas de maneira permanente. Isso é uma forma que os fabricantes encontraram de ganhar dinheiro nos obrigando a fazer essas atualizações sob pena de perdermos o suporte e compatibilidade com os novos formatos. Essa prática também faz com que os hardwares se tornem obsoletos. Cada vez mais as empresas detentoras de programas e sistemas operacionais proprietários incentivam os usuários a fazerem upgrades de suas máquinas para que os programas e sistemas operacionais atualizados possam rodar de forma eficiente. Como podemos perceber, é um ciclo vicioso e injusto para com a sociedade, principalmente com aqueles que não têm fácil acesso a tecnologia e informação.

Outra vantagem é com relação à segurança. Graças ao código aberto, é possível saber o que está sendo instalado em nossos computadores, o que impede que sejamos vítimas de vírus, cavalos de tróia, spyware, entre outros programas prejudiciais ao sistema operacional.

Acreditamos que a motivação que levou ao surgimento do software livre corresponde à importância de um modelo colaborativo onde a sociedade contribui para a disseminação do conhecimento. Da mesma maneira que a ciência evolui com base em conhecimentos pré-desenvolvidos a programação de aplicativos também. Ou seja, os programas evoluem com base no que já foi criado anteriormente. Assim, é necessário que o conhecimento seja compartilhado por todos, o que nos proporciona uma sociedade mais justa. Ao mesmo tempo, o modelo colaborativo do Open Source permite aos indivíduos à liberdade de escolha e um acesso mais fácil a tecnologia que nos dias de hoje é tão importante no processo de inclusão social.

O Open Source é um movimento político com o objetivo de dar liberdade aos usuários de programas. Um software que dá esta liberdade é de propriedade do conhecimento humano. Diferentemente deste, um programa proprietário é um conhecimento secreto, roubado da humanidade. As pessoas se confundem bastante ao acreditar que software livre é software gratuito. Não é uma questão de preço, mas de liberdade do usuário e de solidariedade de sua comunidade. Sendo assim, permitir a distribuição de cópias, é permitir a solidariedade social. (STALLMAN, Apud BIANCHI; SOUZA, 2008).

Se levarmos em consideração o sistema operacional proprietário Windows, por exemplo, perceberemos o quanto a sociedade mundial ainda está acorrentada num modelo que visa apenas o lucro e não permite o compartilhamento do conhecimento e conseqüentemente prejudica a solidariedade social tão defendida por Stallman. Vale salientar ainda que assim como o software livre, a produção e publicação de vídeos tutoriais na web também é um modelo solidário que pode ser acessado por qualquer indivíduo. Assim, o estudante de publicidade e propaganda pode se utilizar desta ferramenta no que se refere aos aplicativos voltados para a criação de peças gráficas.


Autor: Emmanuel França

Retirado da Monografia: FERRAMENTAS GRÁFICAS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES COM VÍDEOS TUTORIAIS

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