terça-feira, 19 de outubro de 2010

Co-autoria

Segundo Santaella (2001), junto com a hibridização formada através da convergência de diversas modalidades como textos, imagens, sons, ruídos e vozes em ambientes multimidiáticos, também conhecidas como as três matrizes da linguagem e do pensamento, ainda é possível observar a organização reticular dos fluxos informacionais em arquiteturas hipertextuais. Uma outra característica perceptível é a sua capacidade de armazenar um grande volume de informações que são transformadas em incontáveis modalidades virtuais. Isso se dá a partir da interação dessas máquinas com o usuário ou receptor que passa a ser o responsável pelas inúmeras possibilidades que surgem diante do processo de navegação. Ou seja, ele passa a ser co-autor dessas versões virtuais.

É possível observar que a hipermídia é um tipo de linguagem que não permite passividade por parte do usuário que, obrigatoriamente, é quem determina os caminhos que deve seguir e, através da sua atuação, se vê diante de inúmeras possibilidades. Ele é quem determina o tempo, as páginas, os links e o conteúdo das informações que necessita ou se depara. Isto é, não é porque ele é um sujeito atuante que só obterá informações que tragam algum benefício sócio-cultural. Não é a toa que Pierre Lévy (1999), criou os conceitos de caçada e pilhagem. No primeiro tipo de navegação, o usuário sabe realmente o que deseja encontrar na web através de pesquisas. Ou seja, ele busca informações precisas o mais rapidamente. Na segunda, corresponde ao comportamento de grande parte dos internautas que vagam de link em link, de site em site. Através deste tipo de navegação o indivíduo pode se desviar a qualquer instante.

Para que o processo ocorra de forma efetiva, a hipermídia traz interfaces atrativas com o objetivo de conseguir uma maior concentração, atenção e compreensão da informação, pois quanto maior for à interatividade, maior será a possibilidade de resposta por parte do indivíduo.

Em relação às matrizes existentes, a predominância é relativa, pois a hipermídia pode trazer em certos casos como predominante a visual, a verbal ou a sonora, embora em alguns casos exista um equilíbrio entre estas três matrizes.

Não é mais tampouco um leitor contemplativo que segue as seqüências de um texto, virando páginas, manuseando volumes, percorrendo com passos lentos a biblioteca, mas um leitor em estado de prontidão, conectando-se entre nós e nexos, num roteiro multilinear, multiseqüencial e labiríntico que ele próprio ajudou a construir ao interagir com nós entre palavras, imagens, documentação, músicas, vídeo etc (SANTAELLA, 2004, p. 33).

O internauta como co-autor da informação constrói as informações dando sentido a elas à medida que surgem diante do monitor, assim depende dele o entendimento através de relações particulares. Enfim, uma determinada pessoa pode fazer relações diferentes e de forma tardia, porém outra pessoa pode rapidamente fazer uma relação e entender, mesmo diante da não-linearidade, que existe uma relação entre os links e páginas surgidas através da navegação. “Trata-se, na verdade, de um leitor implodido cuja subjetividade se mescla na hipersubjetividade de infinitos textos num grande caleidoscópio tridimensional onde cada novo nó e nexo pode conter uma outra grande rede numa outra dimensão” (SANTAELLA, 2004, p. 33).

É perceptível que a hipermídia exige do usuário um relativo conhecimento das suas características e particularidades para que seja possível tirar o máximo proveito, pois, como observamos, o usuário é responsável por toda e qualquer resposta que surja diante da tela. Portanto, a passividade não é permitida no processo de navegação.


Autor: Emmanuel França

Retirado da Monografia: FERRAMENTAS GRÁFICAS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES COM VÍDEOS TUTORIAIS

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